Hoje levamos a Manoela ao dentista. No domingo retrasado ela caiu e bateu com a boca no chão, amolecendo um de seus dentinhos posteriores. Ficamos muito preocupados, apesar de ser dente de leite ainda. Percebemos que o dente estava molinho e sensível, segundo ela mesma relatou.
A conclusão foi que houve uma possível ruptura na estrutura superior do dente e nosso amigo dentista sugeriu que levássemos ela a um odonto-pediatra especialista. É o que faremos, sem dúvida. É tão linda nossa filha, não queremos que nada aconteça com ela. Filhos são uma eterna preocupação e engana-se quem pensa que ao crescerem deixarão de ser.
Eu costumo dizer que a preocupação só muda de forma, preocupa-se com coisas diferentes, mas ela continua ali. Impossível seguirmos impassíveis pela vida enquanto nosso coração bate lá em outro corpo.
Também acho uma aberração da natureza quando algo de grave acontece e os filhos se vão antes de seus pais. Aconteceu com uma amiga de nossa família semanas atrás. Seu filho mais novo, de 20 anos faleceu em um acidente de carro. Foi uma das coisas mais tristes que já vi e acompanhada da dor, existe uma revolta inerente por parte dos pais. É como se algo estivesse contrário à natureza da vida e das coisas.
Nessas horas somente a fé consegue aplacar um pouco a dor, ou, ao menos, servir de bengala, de apoio àqueles que crêem. Eu, por exemplo, que acredito na vída em ciclos, acredito em muitas vidas, em reencarnação, em karma, para mim fatos assim teriam uma explicação e um propósito. Não diminui a dor, mas o sentimento de injustiça e de fora de propósito fica aplacado.
Deus me livre e nos proteja de qualquer situação assim. Eu quero morrer bem velhinha tendo tido a felicidade de ver a família de meus filhos, meus netos, se puder. Essa seria a coroação de uma vida, a maior das bênçãos, se é que eu posso pedir por ainda mais bênçãos nessa vida.
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