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domingo, 28 de março de 2010

Pés Descalços em Ipanema - Março, 29 2010


Hoje saiu mais uma crônica minha no ZH Zona Sul:

http://wp.clicrbs.com.br/zhzonasul/2010/03/27/pes-descalcos-em-ipanema/

Cada vez que percorro o calçadão de Ipanema, mantenho os olhos atentos para a paisagem. Procuro sorver os raios de luz, a variação de cores e, enquanto meus passos percorrem o percurso que já conhecem quase de cor, procuro esvaziar a mente. Assim, como em uma meditação, relaxo em relação às preocupações e tarefas do dia-a-dia… e observo.


Sim, descobri há algum tempo que observar as pessoas e as coisas a minha volta é uma atividade profundamente prazerosa e relaxante. Constantemente, me pego rindo sozinha ao fantasiar determinada situação, ou então me perguntando como será a vida e os afazeres de determinada pessoa que cruza meu caminho. Pois, tendo o calçadão de Ipanema como cenário, acabei formando um hábito, o de escrever minhas impressões e divagações tendo como fontes de inspiração aquilo que lá encontro.

Essa crônica trata de um tipo bastante comum e constante nas tardes ou nas manhãs ensolaradas do calçadão: os bebês. Ali no calçadão pode-se observar uma miríade desses seres minúsculos, impávidos em seus carrinhos ou agitados nas cadeirinhas das bicicletas, eles são representantes legítimos do futuro que se faz ali presente.

Democraticamente, dividem ali seu espaço com outros seres que também circulam por lá. Existem bebês de todos os tipos: os gorduchos e carecas, os cabeludinhos, meninas enfeitadas com laços e fitas, meninos com bonés. Alguns bebês carregam consigo as chupetas ou mamadeiras e outros ficam sorrindo extasiados diante da figura de algum cachorrinho que passa ao largo.

Observo também o comportamento dos adultos e crianças maiores que passam pelos bebês. Vejo também as mamães, papais, vovôs e vovós que os acompanham orgulhosamente. Percebo que muitas pessoas sorriem enternecidas ao passar por eles, algumas comentam com seus pares e apontam os rechonchudos, outras olham e saem apressadas como se o “vírus” da maternidade fosse algo contagioso.

Alguns pais moderninhos carregam seus bebês em carrinhos de três rodas, caminhando apressados ou correndo naquela tentativa de recuperar a antiga forma. Outros passeiam simplesmente, deixando os raios de sol banharem seus rebentos enquanto se beneficiam da paz que o movimento lento e constante exerce sobre os pequenos.

Mas de todos os bebês que observei nessa tarde, algo me chamou a atenção e quero compartilhar aqui: todos, sem exceção, estavam descalços! Que sensação deliciosa de liberdade é ver um pezinho de bebê descalço. Pés de bebês não são feitos para calçados. Parecem mais bisnaguinhas macias que, quanto muito, precisam de meias suaves, mas não de sapatos!

Observando os bebês ali no calçadão, pude me deliciar com cenas de bebês colocando os pezinhos na boca, como é bastante comum naquela fase dos cinco ou seis meses. Pude vê-los brincar com seus pezinhos fofos, balançá-los, erguê-los, desfrutar daquela condição privilegiada. Que delícia de cena, que vida boa essa dos bebês que passeiam no calçadão de Ipanema com os pezinhos descalços…

Voltei para casa pensando que essa fase de bebê passa tão rápido e lembrei de conselhos que minha mãe me deu e que repasso a todas as minhas amigas que esperam seus bebês: tenham paciência com os pequenos e os peguem muito no colo. Quando você menos espera eles já estarão correndo, calçados, por aí. Nem lembrarão mais quão gostoso era passear descalço no calçadão de Ipanema.

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